Faina

Em plena zona ribeirinha de Portimão, no renovado edifício da antiga fábrica de conservas de peixe que hoje faz as vezes de museu, o Faina ancorou virado para o rio Arade. As muitas embarcações que da sua esplanada, a mais disputada em dois níveis, se avistam não deixam dúvidas quanto à escolha do nome: em tempos que já lá vão era por aqui que aportavam as traineiras carregadas de peixe e funcionava uma concorrida lota.

Naturais de Angola, Emídio e Ana Freire, os proprietários do Faina, não viveram essa realidade, mas não tiveram dúvidas em criar um espaço, misto de restaurante e cafetaria, onde a máxima é comer, beber e partilhar. De preferência embalado por música ao vivo e sem pressas — embora o Faina ofereça durante a semana um menu executivo ao almoço por 15 euros para melhor atender quem trabalha na zona.

Partindo do princípio que não viemos a contrarrelógio, apetece demorar-nos por entradas como os apetitosos croquetes de vitela com mostarda, os rissóis de berbigão, os ovos rotos (a versão com polvo salteado e batata frita é de truz!), o choco frito, as papinhas de milho com lingueirão e chouriço ou o camarão marafado (salteado em alho e servido com biqueirão, coentros e malagueta), só que, conselho de amigo, vale a pena reservar espaço para provar pratos como o Sandokan (três camarões tigre grelhados na chapa, servidos com batata frita e molho), o atum braseado com batata doce frita e molho de pistácio e soja, o risotto de choco e, para quem dispensa carne e peixe, a brás de legumes ou o hambúrguer de quinoa e kale.

Com uma clientela muito equilibrada entre locais e turistas, há quem venha também só pelas suculentas tibornas (sardinha, polvo, bacalhau, presunto e queijo ou prego), pelas conservas (uma homenagem ao passado) ou pelas tábuas. Nas sobremesas a mousse de chocolate com nougat de amendoim, tomilho e malagueta, ex-líbris da casa, sabe a pouco de tão boa que é.