Imanol

Em Espanha, a marca Imanol, criada pelo basco Aitor Ansorena, é sobejamente conhecida e conta já com 6 unidades (cinco em Madrid e uma em Alicante) — o sucesso deve-se à bonomia e ao talento do chef e das suas várias equipas, há que dizê-lo, mas o que atrai mesmo o público aos seus espaços, lá como cá, é a possibilidade de estar, sozinho ou acompanhado, a qualquer hora do dia, em espaços acolhedores e informais (recriações modernas dos antigos asadores) para desfrutar de uma cozinha mediterrânica muito saborosa, com bons produtos, assente em tapas, pintxos (as tapas bascas vêm sempre montadas sobre pão) e grelhados na brasa (parrillas).

O Imanol chegou a Lisboa há coisa de 5 anos para fazer a estreia do piso Gourmet do Corte Inglès, com direito ao seu quinhão de terraço panorâmico e alusão às grandes pipas de madeira de sidra do norte de Espanha.

Claro que houve a necessidade de fazer algumas adaptações à realidade local — para começar: o número de pintxos e tapas é menor (uma média de 12 contra as 30/40 de Espanha) —, mas, no essencial, quem vem até aqui (na sua maioria clientes do espaço comercial, mais portugueses e brasileiros, com idades a partir dos 30 anos) não resiste aos ovos rotos com presunto ibérico (oriundo de Salamanca), às alcachofras fritas, às tiras de calamares fritas com molho aioli ou à campeã das tapas, uma combinação de pasta de caranguejo com maionese, ovo e camarão sobre pão.

As porções foram pensadas para ser partilhas, sem exageros, o que não impede que se venha também a solo. Por regra, começa-se com os petiscos, que vão muito bem com uma cerveja mais leve como a Mahou, e depois passa-se aos pratos como o arroz negro com camarão ou ao novilho maturado (35 dias), disponível em entrecosto ou costeleta, que pedem uma cerveja mais encorpada como a Alhambra. Tudo isto sem a ditadura habitual dos horários rígidos, pois a cozinha permanece aberta das 12 às 22 horas, todos os dias.

A ementa muda duas vezes ao ano (o dia a dia é assegurado por uma equipa de cozinheiros residente, que recebe formação do grupo Imanol), optando-se pela introdução de pratos mais leves e frescos no verão como o ceviche ou o tártaro, só que os habitués não abrem facilmente mão dos “clássicos” da casa.

O facto é que o Imanol, mesmo com a maior rotatividade de clientes do espaço Gourmet do Corte Inglès, pode orgulhar-se de ter sempre uma boa fatia de repetentes às suas mesas e balcão. Para matar saudades do País Basco sem sair de Lisboa.