O Tachinho

Entre tapas, acepipes e abraços

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12€ - 20€ /preço médio

Quando, a 17 de junho de 2007 — já lá vão mais de 15 anos —, Luís Fonseca e a mulher, Lena, farmacêutica de formação, abriram O Tachinho em Campo de Ourique fizeram-no sobretudo como propósito de criar um negócio para o futuro. Estavam então longe de imaginar que o restaurante lhes iria exigir uma exclusividade quase total, com muito poucas folgas e o tempo contado para verem o resto da família crescer.

Tamanha dedicação, mesmo com todos os pesares que a pequena restauração enfrenta no pós-Covid, tem-lhes valido uma freguesia local leal — ou não fosse este um dos bairros mais autossuficientes da capital —, com as mulheres em clara predominância, que ali se sente em casa e conhece a ementa de cor (mas há sempre pratos do dia para além do cardápio fixo). Não há o que enganar: O Tachinho anuncia-se para quem o quer ver como uma casa luso-espanhola, o que, traduzido em miúdos, nos oferece inúmeras opções de tapas nas entradas (dos boquerones às batatas bravas, do jamón ibérico aos pimentos padrón), sem esquecer contribuições lusitanas como os peixinhos da horta, a salada de polvo, a morcela de arroz grelhada ou os ovos mexidos com farinheira, entre outros acepipes.

Para abrir os trabalhos, além do vinho, brilham as cervejas espanholas da gama Mahou, como a Cinco Estrellas, a Maestra e a Alhambra Reserva. Espaço familiar e convivial por excelência, sem luxos ou chef sonante e pouco instagramável, O Tachinho, com duas salas (embora só uma delas esteja atualmente em serviço) e esplanada na calçada, serve uma comida de conforto e de tacho, confecionada na hora; inclusive para fora. Ganha-nos por isso pelo estômago, pela sensação de familiaridade e pelo afeto: quem conhece Luís Fonseca sabe que tem nele um anfitrião de mão cheia, que se divide entre a cozinha, o balcão e o atendimento direto, quase um confidente, que não se furta a distribuir beijos e abraços pelos “habitués”.

E quando isso não acontece é porque algo não vai como de costume. Nos pratos principais mantém-se a dualidade ibérica, com a francesinha (simples ou guarnecida, mas sempre picante como se quer) e o bitoque, com 6 molhos à escolha (mostarda, 4 queijos, pimenta, café, cerveja preta e portuguesa) nos mais pedidos (e celebrados) das carnes, ao passo que nos peixes há paella à valenciana por encomenda, polvo e bacalhau à lagareiro ou açorda de camarão. Uma palavra especial para o choco frito, que muitos conhecem na sua variante setubalense, mas que aqui é à moda de Ayamonte, com um polme que mais parece uma segunda pele, de tão envolvente e suave.

E uma ida ao Tachinho não fica completa sem sobremesa, o que para muitos é praticamente sinónimo de farófias polvilhadas com canela antes de seguirem para a mesa — mas também há pudim de leite condensado, fruta, mousse ou petit gâteau. Longa vida ao Tachinho. Que possa, e saiba, resistir às modas que tomam de assalto o bairro (e a cidade), porque fazem falta espaços dedicados à cozinha tradicional do dia a dia com uma boa qualidade-preço.

Rua do 4 de Infantaria 6D, Lisboa, Portugal

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terça-feira
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Quarta-feira
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Sexta-feira
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