Taberna do Lopes Santuário da Carne

Numa primeira ida, estranha-se porventura a localização entre armazéns, numa zona industrial de Santo António do Tojal, Loures, a curta distância de carro de Lisboa. Mas é só mesmo a primeira impressão, pois assim que adentramos o restaurante, com pé alto e aberto para uma esplanada que inunda a sala de luz, depressa nos deixamos levar pela atmosfera convivial e pela decoração cuidada —grandes luminárias suspensas do teto, garrafeira em madeira adornada com plantas, mesas de madeira com tampos em mármore, chão e paredes revestidos a azulejos e, daí o epíteto “Santuário da Carne”, a cozinha envidraçada onde é possível ver o corte das carnes que vão a grelhar sobre brasas.

Depois de uma primeira taberna, que na realidade está mais para steakhouse e bistrô, em Guimarães, a Taberna do Lopes mudou-se para Lisboa em 2020, com direito a indicação no guia Michelin, e, no final da primavera de 2022, abriu esta segunda casa no Tojal. O denominador comum a todos os espaços é o empresário Carlos Lopes, que conhece como poucos o negócio das carnes maturadas de raças autóctones — aliás, para além dos seus, ele fornece alguns dos melhores restaurantes carnívoros da Península ibérica (lombos inteiros de bovinos cuja maturação começa nos 30 dias, são afinados até à perfeição em câmaras frigoríficas).

Voltando a esta casa, a sua frequência à hora de almoço é maioritariamente constituída, mas não só, por quem trabalha nas redondezas e já se habituou a contar com pratos do dia como o cozido à portuguesa (às quintas), o arroz de pato (às terças) ou a vitelinha assada no forno (às quartas) e com as doses individuais de pratos populares como as costelinhas de porco, a vazia maturada ou o T-Bone; ao jantar e aos fins de semana, as famílias e os casais são, como seria expectável, mais numerosos.

É certo que escolha das cervejas Mahou, da água Solan de Cabras e de entradas comos os ovos rotos com Cecina ou o presunto ibérico de bolota nos remete para a vizinha Espanha, mas, quer ao almoço quer ao jantar, a grande maioria dos pratos apresenta um forte pendor de cariz regional: bacalhau, polvo, pato, croquetes, arrozes (o de grelos, nos acompanhamentos, é um dos grandes cartões de visita do Lopes). Para o jantar ficam reservados, em porções maiores, estrelas como a costela de vaca na brasa e forno (12 horas), a carne arouquesa com 90 dias de maturação, o entrecosto com 35 dias ou a carne do boi castrado Barroso.

Cervejas à parte, e a Alhambra faz bonito com algumas carnes, há boa escolha de vinho, mas quem não quiser gastar muito dinheiro numa garrafa sai bem servido com o da casa, o Titular do Dão. A encerrar, sobremesas como o leite creme tradicional, a maçã assada com canela e vinho do Porto, o doce da casa (mousse de lima na base), a mousse com crumble de amêndoa ou cheesecake, entre outras, fazem bonito, mas vá por nós e não deixe de se deliciar com o esplêndido pudim Abade de Priscos.