Cozy

Enquanto a esplanada autónoma, inspirada num vagão de comboio e mais vocacionada para as tapas e cerveja de pressão da gama Mahou, não arranca a todo o gás, o Cozy recebe os seus comensais uns metros mais à frente, quase ao virar da esquina das torres das Amoreiras, na casa-mãe. Ao almoço, quem trabalha nas redondezas vem sobretudo pela possibilidade de comer bem a preços simpáticos: para além da carta fixa, recheada de pratos de conforto, há dois menus, um a 12,50 e outro a 14,50 euros, com sopa, prato, sobremesa e bebida/café.

À noite, o caso muda de figura, embora o propósito maior seja o de continuar a usufruir de um espaço aconchegante (o nome não engana) com uma cozinha nacional e internacional de gosto e memória coletivos. E locais, de dentro e fora do bairro, misturam-se com turistas. Aberto em 2018, o Cozy diz-se avesso a modas porque assim o quiseram os seus mentores, dois cozinheiros de formação, com experiência anterior noutros restaurantes, que desde o primeiro dia apostaram numa gastronomia tradicional de partilha com uma apresentação contemporânea.

Tiago Vaz Santos, um dos sócios, com passagem por casas como o Faz Figura, o TClub ou o restaurante do Club de Rugby do Técnico, acreditou nas cervejas Mahou, a par de uma carta de vinhos e de bebidas espirituosas, por ver nelas um complemento perfeito para petiscos (mas não só) como o pão com chouriço saloio, os croquetes de alheira recheados com marmelada e maionese de caril, os pastéis de sapateira e amêijoas à Bulhão Pato ou o carpaccio de cogumelos Paris. A lógica de compartilhar a mesa e a comida estende-se aos “ilustres” da casa, nos quais figuram o lombo de bacalhau fresco no forno com migas de broa e couve, o bitoque de lombo de novilho com molho à portuguesa, o magret de pato corado ou o arroz malandrinho de peixe galo, camarão e espinafres.

E por falar em arroz, os risottos do Cozy têm fama (e quem lá vai o proveito): Tiago já os fazia antes e quem o conhecia não descansou enquanto este não os incorporou no cardápio fixo. Entre os mais pedidos estão o risotto de camarão e curgete ou o risotto de cogumelos selvagens com espargos verdes. Com menus especiais para grupos e serviço de catering, o Cozy, como bom português que é, não descarta as sobremesas para fechar com chave de honra: as farófias com creme de gema, canela e (detalhe inusitado que faz a diferença) pó de framboesa, o pudim Abade de Priscos e o leite-creme queimado com maçã salteada em vinho do Porto têm o seu séquito de admiradores residentes, mas quer a mousse quer o cheesecake não deixam os seus créditos por mãos alheias. Cozy é aconchego.